De volta ao passado

Oficialmente, em 1905, surgia a primeira “Escola Pública de Cosmópolis”, inaugurada provisoriamente, ao lado de um armazém na Avenida Ester. O prédio histórico ainda resiste ao progresso imobiliário, com suas ampliações e reformas estruturais, localizado ao lado da loja ‘Maravilhas do Lar’, esquina do extinto ‘Cine Teatro Avenida’.

Pioneirismo de Felício Marmo, primeiro professor público de Cosmópolis, designado pela prefeitura de Campinas, através de rigoroso concurso. Um jovem desbravador do ensino cosmopolense, aqui chegou com 21 anos de idade, responsável pela estruturação pública escolar da pequena “Villa Cosmópolis”, então um dos distritos mais progressistas de Campinas.

Com apoio do fazendeiro Cel. João Aranha, influente político (inúmeras vezes nomeado prefeito de Campinas, vereador e chefe do legislativo), e o capitalista e industrial Major Arthur Nogueira Ferraz, um dos instituidores da Usina Ester, edificavam o prédio da primeira escola na rua Campos Salles (então, rua Alexandrina Nogueira, irmã de Ester Coutinho Nogueira), oficialmente inaugurada em 1906.

Histórias, causos, lembranças marcantes da pequena ‘Villa Cosmópolis’, escritas no livro ‘Memórias de um mestre escola’, editado em 1974, pelo professor Felício Marmo.

Neste livro de memórias, um dos mais importantes registros da história de Cosmópolis, o mestre com 90 anos de idade, dedica vários capítulos para a ‘Villa’, início da sua trajetória como professor. Um fascinante livro, vale pesquisa e compra em sites especializados. Publicação com 48 anos, repleta de pitorescos relatos cosmopolenses, assim como de outras cidades e vilas, as quais o professor lecionou e fundou escolas, instituindo ao lado da esposa, também professora, o surgimento de conceituadas redes de ensino.

Na ocasião do lançamento do livro, após 68 anos da sua transferência escolar, o professor visitou Cosmópolis, encontrando uma progressista cidade, movimentada e crescente pelas obras da refinaria da Petrobras, construída em Paulínia.

A pequena escola, modesta construção com duas salas de aulas, transformou-se nas renomadas ‘Escola do Comércio’ e ‘Escola Rodrigo’, ampliadas e expandidas em novos endereços.

Não houve atos solenes, honrarias, sobretudo o reconhecimento das autoridades, era praticamente desconhecido o pioneiro da educação cosmopolense. Segundo relatado pelos netos, o professor entregou um exemplar para o acervo da biblioteca pública, então sendo estruturado nas dependências do Paço Municipal, juntamente com raríssimos documentos e registros pessoais. Materiais com relevância histórica local e regional, documentos educacionais e registros fotográficos, como a visita da comitiva imperial japonesa, primeiros ministros e embaixadores, primeira turma pública escolar, anotações oficiais do Estado sobre sua contratação, entre outros, preservados no Centro de Memória de Cosmópolis.

Décadas depois, nos anos 2000, o livro foi redescoberto pelos funcionários das secretarias municipais de educação e cultura, sendo reimpresso em uma edição comemorativa. O lançamento da edição especial, impresso pelas leis de incentivo à cultura, familiares do professor Felício Marmo estiveram presentes, contando partes dos relatos citados, marcantes nos últimos anos de vida do mestre.

Em 117 anos, inúmeros professores e professoras escrevem a história escolar pública cosmopolense, sobretudo, ensinando gerações de cosmopolenses a escrever e compor sua própria história. Em memória do pioneiro Felício Marmo, as educadoras Silvia Gouveia Aranha, Eurides Medicis e Mariana Rangel, dentre as primeiras professoras públicas efetivadas, não esquecendo as anônimas professorinhas dos tempos do Funil e fazendas, os agradecimentos e homenagens aos nossos professores, parabenizando pela célebre data (15/10). Em destaque, o professor Felício Marmo e seus aluninhos, na primeira escola pública de Cosmópolis, então localizada na Avenida Ester, em 1906.